domingo, 24 de maio de 2009

Quando acordei...

Não se tem palavras para descrever o que eu senti quando acordei do coma. Parecia que eu estava no inferno, eu não conseguia falar, porque eu estava entubada, não conseguia mover nenhuma parte do meu corpo e tinha muitas dores principalmente nos pés. Ao acordar eu estava muito assustada, não sabia o que estava acontecendo, porque que eu estava presa naquele lugar que eu não identificava que era um hospital. Eu chorava muito principalmente quando via minha mãe e meu namorado. O desespero era total. Não podia beber, nem comer. Estava muito fraca, perdia os sentidos e a noção de tempo e espaço. Três dias depois de acordar tiraram o tubo da minha garganta, a minha voz não saia, eu tinha medo de não falar mais. Eu já tinha notado que minhas mãos estavam pretas e muito doloridas sem movimento. No quarto dia apareceu um médico (que eu nunca tinha visto antes), me mostrou meus pés que eu não tinha visto ainda e me falou que eu iria ter que amputar quase no joelho. Quando vi meus pés completamente pretos eu só concordei com o que ele estava dizendo (que tinha que amputar), não percebi a gravidade da situação, que eu não iria mais caminhar e ficar em pé. Lembro que isso foi numa sexta-feira, e ele iria marcar a cirurgia para próxima terça-feira. Esse médico não tinha conversado nem uma vez com a minha família, quando consegui contar para minha mãe da amputação, ela começou a procurar o médico. No desespero minha mãe conseguiu até o celular dele (o que fez com que ele ficasse furioso). Quando minha família tentou conversar com ele e argumentar que eu era muito nova para perder as duas pernas, ele grosseiramente disse que eu era apenas mais uma. Pediram para trocar de médico. o novo médico foi conversar comigo e com minha mãe e explicou o que tinha acontecido. Eu tive vasculite muito forte que ocasionou numa necrose (mumificação dos membros inferiores). Este novo médico viu o tamanho do meu desespero e me deu a chance de tentar recuperar o que eu pudesse dos meus pés. A necrose das minhas mãos eu estava arrancando com o que tinha sobrado das minhas unhas, sangrava muito porque eu estava tirando uma pele morta, mas graças a isso eu recuperei os movimentos. Fiquei com cicatrizes nos punhos, mas pelo menos não tive que tirar nenhum dedo. Depois de falar com esse médico começamos imediatamente as fisioterapias, de duas á três vezes por dia para tentar recuperar o que pudesse dos meus pés.

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